Pigmentos das asas das borboletas facilitam-lhes a selecção do parceiro |
Os especialistas em borboletas suspeitaram ao longo de 150 anos que a visão destes animais desempenha um papel fundamental para explicar a diversidade de cores das suas asas. Agora, pela primeira vez, uma investigação conduzida por biólogos da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, comprova que estas suspeitas têm fundamento em pelo menos nove tipos de borboletas da espécie Heliconius.
De acordo com o estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, as borboletas que têm um gene duplicado que lhes permite ver as cores ultravioleta também têm um pigmento amarelo ultravioleta nas suas asas.
Este pigmento é importante para a sua sobrevivência, uma vez que lhes facilita a selecção do parceiro adequado - que escolhem pela diversidade de cores - , o que lhes permite ter mais tempo para a reprodução e alimentação.
O gene para a visão ultravioleta e pigmentação amarelada foi desenvolvido pelas borboletas entre 12 e 25 milhões de anos atrás. Das 14 mil espécies de borboletas existentes no mundo, somente os exemplares da Heliconius das florestas mexicanas, da América Central e América do Sul, são conhecidos por este gene duplicado.
“Agora temos fortes razões para acreditar que vamos encontrar outros exemplos em que a visão e as asas estão correlacionadas”, declarou Adriana Briscoe. Os diversos padrões das asas de borboletas Heliconius têm gerado grande interesse científico nos últimos anos, pelo que a Universidade da Califórnia também está a realizar um projecto de sequenciação do genoma desta espécie.