Rãs à beira da extinção
Biologia

Rãs à beira da extinção


É uma coisa rara testemunhar a extinção de uma classe inteira de animais. Não estávamos presentes para ver os dinossauros desaparecerem e o dodô foi apenas uma espécie de pássaro extinta - não é como todos os pássaros que lentamente desaparecem. Mas de acordo com muitos cientistas conservacionistas, é exatamente o que os anfíbios estão enfrentando: rãs e outros animais da classe dos anfíbios estão em vias de extinção, a menos que a comunidade conservacionista aja imediatamente.

frogNational Geographic/Getty Images
Estima-se que as rãs perderam 170 espécies apenas nos últimos 10 anos

A classe dos anfíbios em geral (as rãs são somente o grupo mais populoso da classe, que também inclui as salamandras e as cecílias) esteve realmente em declínio por algum tempo. Poluição, aquecimento global e destruição do habitat em conseqüência do desenvolvimento humano já cobraram um tributo pesado. As rãs, em particular, foram quem mais sofreram com isso, e estima-se que perderam 170 espécies apenas nos últimos 10 anos, com outras 1.900 em situação de ameaça, que é um degrau abaixo da designação de perigo de extinção (o que significa extinção iminente). Mas apenas parte da destruição é artificial. Um fungo identificado na última década parece estar acelerando exponencialmente a morte da população mundial de rãs.

O chytrid fungus cobre a pele das rãs e torna seus poros não funcionais. Como as rãs contam com a pele porosa para hidratação e parte da respiração, o fungo essencialmente corta o suprimento de água e torna difícil a respiração, tornando inevitável a morte por desidratação.

Os cientistas acreditam que esse fungo pode ter começado a se espalhar pelo mundo nos anos 40, quando as rãs africanas de garras - uma das únicas espécies reconhecidas como imunes aos efeitos do fungo - foram transportadas para todo o mundo para uso em pesquisa médica, especialmente em testes de gravidez. As rãs africanas põem ovos quando injeta-se nelas a urina de uma humana grávida. É possível que o fungo africano tenha então começado a atacar outras populações de rãs que não eram imunes a ele. A descoberta do chytrid fungus e seus efeitos devastadores na população de anfíbios levou ao desenvolvimento de um projeto de 500 milhões de dólares chamado Amphibian Ark, ou a Arca dos anfíbios).

A Arca dos anfíbios apela a todos os zoológicos, jardins botânicos e aquários ao redor do globo para que cada um recolha 500 membros de pelo menos uma espécie da classe dos anfíbios. O zôo deve limpar cada animal para se certificar de que o fungo não atacará a população protegida. Depois disso, deve isolar a população. A idéia é salvar membros de cada uma das aproximadamente 6.000 espécies remanescentes até que a ciência encontre um meio de deter a propagação do chytrid fungus na natureza.

Assim que o fungo for controlado, os zôos libertarão as rãs, salamandras e cecílias de volta na natureza. Os conservacionistas vêem a ação protetora como um passo absolutamente necessário para garantir que as futuras gerações saibam como é o som de uma rã, que a América do Sul não fique infestada de mosquitos portadores de doenças, e que remédios que salvam vidas continuem a ser extraídos de rãs. Os analgésicos contam com as rãs para pelo menos um ingrediente ativo e pesquisadores da AIDS encontraram uma substância química nas rãs que parece ter efeito anti-HIV.

Há rumores que dois terços das várias espécies de anfíbios na América Central e do Sul desapareceram. A rã de perna amarela da montanha quase desapareceu do Parque Nacional Yellowstone e a maioria dos membros remanescentes da espécie no parque tem o fungo. Em janeiro de 2007, o Japão encontrou os primeiros casos do fungo em sua população de rãs.

Fonte: HowStuffWorks




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