A idéia de ser atacado por um tubarão é horrível. Não estamos simplesmente falando do fato de que a pessoa pode ser comida vida, mas também de os ataques aconteceram no vasto e incógnito mar. No entanto, histórias sobre ataques por tubarões também podem ser inspiradoras. O caso de Bethany Hamilton serve como exemplo. Em 2003, a surfista de 13 anos, uma jovem estrela do esporte, estava pegando ondas em Kauai, no Havaí, quando um tubarão mordeu seu braço e o arrancou pouco abaixo do ombro [fonte: CNN - em inglês].
Ela não se deixou atemorizar pelo ataque e continuou surfando; hoje também participa de competições de snowboard.
Histórias como a de Hamilton e as de outras vítimas de ataques de tubarões capturam nossa imaginação. Elas resultam em grandes manchetes, mas na verdade a chance de ser morto ou ferido em um ataque de tubarão é na verdade inferior à de ser morto por um relâmpago ou se ferir caindo de uma escada [fonte: Universidade da Flórida].
Por muitos anos, os relatos sobre a força das mordidas de tubarões eram em larga medidas incidentais e qualititativos. Baseados em relatórios de ataques por predadores como o tubarão touro, o branco e o tigre, sabemos que muitas espécies mordem com força suficiente para atravessar o corpo humano. Mas não havia dados suficientes associados a essa informação. O primeiro teste a quantificar a pressão exercida por uma mordida de tubarão foi conduzido em 1965 por dois pesquisadores que criaram uma escala consistindo de um tubo sólido de alumínio revestido de PVC, com rolamentos de esfera inseridos em torno da porção externa da engenhoca [fonte: Martin].
Os pesquisadores envolveram o aparelho em carne de cavalas e a usaram para alimentar tubarões limão, tigre e pardo. Depois de calcular a profundidade a que os tubarões haviam empurrado os rolamentos de esferas contra o tubo ao morder a carne, os cientistas conseguiram estimar a força de cada mastigada. Concluíram que os tubarões pardos tinham a mordida mais forte - eles exerciam cerca de 12,2 kg de força [fonte: Martin].
Já que as diferentes espécies se adaptaram a comer diversos tipos de alimento, a força de suas mordidas deve, logicamente, ser diferente. Alguns tubarões, como o tubarão-baleia (o maior entre as espécies de tubarão), têm milhares de dentes mas já não os usam. Os tubarões-baleia em lugar disso desenvolveram uma membrana que filtra plâncton e pequenos peixes e os deixa chegar diretamente ao estômago. Outros tubarões, como o tubarão-chifrudo, estão adaptados a durofagia - comer animais de casca dura, esmagando e rompendo suas cascas com a força de seus dentes e mandíbulas.
Na Universidade do Sul da Flórida (USF), pesquisadores de tubarões usam um transdutor de força para medir a força de uma mordida. Eles constataram que os tubarões de focinho negro (com cerca de 1,5 metro de comprimento) podem produzir 110,5 kg de força na traseira de suas mandíbulas, enquanto os tubarões chifrudos produzem 34,5 kg de força [fonte: USF].
Isso não parece muito forte, já que um estudo de 1995 constatou que a força média de mordida para 22 raças comuns de cachorro fica pouco abaixo dos 26 kg [fonte: Lindner, et al]. Mas, e quanto aos grandalhões, os tubarões-tigre, touro e branco? Na verdade são os seus dentes que causam o maior estrago. A maioria dos pesquisadores de tubarões conclui que é por isso que o número de mortes em ataques por tubarões-brancos é tão desproporcionalmente baixo, comparado ao número de ataques.
Pesquisadores da Universidade da Nova Gales do Sul, Austrália, estudaram a força da mordida do tubarão-branco e acreditam que a capacidade da espécie para fazer estrago baseia-se mais em dentes agudos e abundantes, do que na força das mandíbulas [fonte: Live Science].