Biologia
Genética e Lamarck
EPIGENÉTICA: ESTARIA LAMARCK CERTO?
INTRODUÇÃO:
“O fenótipo de um organismo pode ser transformado e repassado às gerações seguintes”. Essa afirmação provavelmente seria considerada uma idéia lamarckista, uma vez que, em 1809, o naturalista Jean- Baptiste Lamarck afirmou que as características adquiridas por um organismo podiam ser transmitidas para os seus descendentes. Com os avanços na biologia molecular, a epigenética revela que os efeitos ambientais podem interferir no funcionamento dos genes, modificando os fenótipos, através do processo de metilação do ADN, em que se altera a expressividade do gene sem modificar a seqüência dos nucleotídeos. Esse processo modifica as características de um organismo de acordo com o estilo de vida e os seus padrões de metilação são transmitidos aos seus descendentes, retomando a idéia Lamarckista. Assim essa ciência levanta uma polêmica: poderá ela ser considerada um neolamarckismo, em que as diferenças entre os organismos são devidas à herança dos caracteres adquiridos, não só pela influência do uso e desuso dos órgãos, mais ainda pelas condições físico-químicas do ambiente? E se existir uma relação direta entre os dois assuntos, como os cientistas da área estão encarando este novo paradigma da evolução? Será que Lamarck teria alguma razão?
METODOLOGIA:
Através de análise bibliográfica, procurou-se esclarecer a relação entre a teoria evolucionista da herança de caracteres adquiridos proposta por Jean-Batiste Lamarck e a epigenética, a qual estabelecem novos parâmetros às características fenótipas, com o envolvimento da biologia molecular. Primeiramente foram reunidas informações sobre a herança genética segundo Lamarck. Em seguida foi realizado um estudo sobre epigenética e como essa ciência pode estabelecer uma relação com a evolução. Foram analisados livros específicos de cada área, diversos artigos científicos publicados em periódicos on-line, assim como publicações em revista e sites científica. Foram considerados os pontos de vista defendida pela as duas ciências envolvidas: a biologia molecular (epigenética) e evolução.
RESULTADOS:
As influências dos fatores epigenéticos no fenótipo de um organismo parecem evidentes,uma vez que as características de um ser vivo são determinadas no seu genótipo, ou seja no ADN. Porém a forma como essas características se expressarão depende de outros fatores,entre eles a metilação da citosina do material genético. Os padrões de metilação podem ser herdados e alterados com os estilos de vida,argumento usado por cientistas que defendem a epigenetica como indícios de que Jean-Baptiste Lamarck não estava totalmente errado. Ele afirmava que o organismo adquiria caracteres que ofereciam maiores probabilidades de sobrevivência e eram passados às gerações seguintes. O uso da epigenética como meio de reabilitar as teorias lamarckistas enfrenta uma resistência entre os evolucionistas,uma vez que não estão convencidos da relevância desta ciência na evolução. Percebe-se a dificuldade de aceitação da idéia do ambiente como um indutor da variação hereditária e não mais como somente um selecionador, já que fundamentos darwinianos dominam. Entre os biólogos moleculares a epigenética abriu muitas portas para a compreensão de muitos processos genéticos, entre eles, a nível moleculares,a possível herança de caracteres adquiridos, o que retoma alguns dos fundamentos defendidos por Lamarmak.
CONCLUSÕES:
Diante de eventos epigenéticos, Lamarck poderia ter razão quanto à herança de caracteres adquiridos, uma vez que o ambiente poderia gerar fenótipos herdáveis. A ligação do grupo metil à base nitrogenada citocina podem silenciar o gene, o que eventualmente alteraria o fenótipo do indivíduo e este poderia ser herdado, o que relembra parte da teoria lamarckista. Os padrões de metilação de citocina do ADN são os mecanismos mais conhecidos dentro da epigenética. Esses padrões podem ser influenciados pelo estresse ambiental ou pelo estilo de vida, como a subnutrição materna que podem gerar diminuição da estatura do filho e de futuras gerações. Essas mudanças epigenéticas não modificam o genótipo e sim a forma de expressão gênica. Os avanços da epigenética ainda geraram discussões entre os biólogos moleculares e evolucionistas no cenário científico, onde não há um consenso. Assim, são necessários mais estudos sobre essa área e sobre os impactos que podem gerar nos processos evolucionários.
Palavras-chave: Epigenética, Lamarck, Evolução
Artigo apresentado 60ª Reunião Anual da SBPC por:
Fernanda Aires Guedes1
Sandra Mara Gomes Cunha1
Lílian Silva Venâncio1
Leandro Vasconcelos Ferreira1
Douglas Henrique Antunes Silva1
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