A ONU alerta que os desastres naturais cada vez mais devastadores são já alguns dos efeitos das mudanças climáticas, com o aumento de tormentas e eventos climáticos extremos. Em 2008, o número de vítimas foi um dos mais altos da história. No ano passado, o Brasil foi o 13º país mais afetado por desastres naturais. Pelo menos 2 milhões de pessoas foram afetadas pelos desastres, principalmente pelas chuvas. Só as chuvas em Santa Catarina em novembro atingiram 1,5 milhão de pessoas.
Segundo a especialista, a realidade é que as vítimas poderiam ter sido poupadas. "O Brasil tem dinheiro suficiente para lidar com o problema dos desastres naturais e há anos já poderia ter colocado em funcionamento um sistema de prevenção. Mas a grande realidade é que falta vontade política", afirmou a especialista, em uma conferência de imprensa na ONU para a apresentação dos novos números de vítimas de desastres naturais no planeta.
Ela cita o exemplo dos mortos em Santa Catarina em 2008, por causa das chuvas. "Isso poderia ter sido evitado há anos", afirmou, lembrando que o fenômeno na região sul não é novo. "Há anos o Brasil vive a mesma situação", atacou. 2008, segundo a ONU, registrou um dos maiores índices de mortes por desastres naturais na história. Foram 235 mil mortos e só ano do tsunami, em 2004, superou a marca, com 241 mil mortos.
No mundo, os mais afetados no ano passado foram os chineses, com 26 desastres e mais de 87 mil mortos. O ciclone Nargis, que atingiu Mianmar, deixou 138 mil mortos.
As perdas financeiras para o mundo chegam a US$ 181 bilhões. Em 2005, as perdas foram de US$ 214 bilhões. Na década, as perdas já chegam a US$ 835 bilhões. Tanto os números de mortos como as perdas econômicas em 2008 estiveram entre as mais altas já registradas. 211 milhões de pessoas no total foram afetadas no mundo. O impacto ficou bem acima da média da última década.
"O aumento dramático de perdas humanas e econômicas em 2008 por causa de desastres é alarmante", afirmou Salvano Briceno, diretor da divisão na ONU que se ocupa de formular uma estratégia para reduzir desastres. Para ele, um sistema de prevenção mais robusto em países emergentes poderia ter salvado vidas. (Fonte: Jamil Chade/ Estadão Online)