Enchente do Araguaia elimina 1,5 mil ovos de tartaruga em GO
Biologia

Enchente do Araguaia elimina 1,5 mil ovos de tartaruga em GO


Ambientalistas e técnicos da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh) de Goiás estão preocupados em como as fortes chuvas que caem na região do Rio Araguaia podem afetar a reprodução de tartarugas da Amazônia. O animal não corre risco de extinção no Estado desde 1987, mas continua sendo mantido sob enorme vigilância por ter a carne e os ovos bastante visados pelos predadores naturais e pelo homem.

Uma forte enchente na semana passada, talvez a pior desde 1958, segundo a própria Semarh, levou à perda de mais de 1,5 mil covas de desova de tartarugas do Projeto Quelônios no Rio Araguaia. A área mais atingida fica perto de Britânia (GO), onde a água eliminou mais de mil ovos. Na Lagoa do Fuzil, no sudoeste goiano, cerca de 300 covas foram atingidas pelas águas do rio.

O superintendente de fiscalização da Semarh e coordenador do projeto no Estado, Greide Ribeiro Júnior, afirma que as chuvas na cabeceira do rio provocaram a elevação rápida do nível do rio, não dando tempo para que os ovos fossem salvos. "Pegou todo mundo de surpresa este ano. Os moradores da região dizem que não há uma enchente assim desde 1958. E neste ano começou mais cedo a chover."

As tartarugas se reproduzem nesta época do ano, colocando de sete a oito mil ovos em três áreas monitoradas pelo Semarh, próximas ao rio Araguaia. Sem interferência dos ambientalistas, apenas entre 0,5% e 1% conseguem atingir a fase adulta. "Depois que implantamos este projeto, o índice chegou a 2%. Em 1987, havia apenas 517 matrizes. Hoje são mais de 10 mil", disse Ribeiro Júnior.

O superintendente afirma que houve anos piores. Como em 1996, quando todas as covas foram perdidas. Durante o trabalho de fiscalização, que começa em setembro e vai até meados de dezembro, todos os dias os técnicos observam os locais onde há covas. Quando os ovos estão na parte baixa, mais próximas do rio, a equipe transfere para outros locais.

A equipe do projeto - formada por seis funcionários do Semarh e quatro colaboradores - além de monitorar as covas, observam os predadores naturais dos ovos. "O rio Araguaia está cheio deles nesta época. É engraçado como eles sabem que chega este período e as covas estão lá."

Mas o principal inimigo a ser enfrentado, segundo o superintendente, é o homem, que caça a tartaruga por causa da carne saborosa e os ovos, que são usados na industria de cosméticos. "Dizem que esses ovos são ótimos para acabar com as rugas, com os pés de galinha. Então se a gente deixa de fiscalizar, esses animais entram em extinção rapidamente", comenta Ribeiro Júnior.

FONTE: Terra Ciência





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